Portugal é o terceiro na Europa com mais greves
Mais de 25% dos representantes dos trabalhadores revela a existência de pelo menos uma greve. A média europeia fica em 7%.
Portugal é o terceiro país, entre 30, com mais greves. Acima dos portugueses, só mesmo os gregos e os franceses. Hoje os trabalhadores do Estado voltam a demonstrar a importância que dão à greve como forma de protesto e de pressão para alterar políticas, contribuindo assim para engrossar as estatísticas do Eurofound.
Olhando só para o lado das empresas privadas, o país já desce no pódio mas ainda continua a figurar no top 10, avançam os dados, referentes a 2008, publicados ontem pelo Eurofound no European Company Survey 2009.
Por cá, 25% dos representantes dos trabalhadores inquiridos indicaram a existência de greves (acima do conjunto da Europa, de 7%). Mas o valor cai para cerca de 6% (aproximando-se da média) quando se trata apenas do sector privado. No caso das empresas, o número pode parecer pequeno mas, ainda assim, não deixa de ser uma das taxas mais visíveis. O mesmo acontece com a Bélgica, República Checa, França, Alemanha, Itália, e, em destaque, a Grécia.
Os dados do Eurofound demonstram que em Portugal as greves podem estar aliadas a uma cultura de fraca cooperação entre sindicatos e patrões. Aliás, os portugueses assumem a quarta pior posição neste caso, a seguir a Espanha, França e Itália.
A questão salarial é, no conjunto dos países, o assunto que mais motiva as paralisações dos trabalhadores. Seguem-se, a uma distância considerável, as mudanças na organização do trabalho e assuntos relacionados com horários.
E este tem sido um dos cavalos de batalha dos sindicatos portugueses. A entrada em vigor do Código do Trabalho abriu novas possibilidades - como é o caso dos bancos de horas ou horários concentrados - mas a CGTP sempre disse que estas medidas serviriam apenas para beneficiar o patrão e acabar com o pagamento de horas extra.
A organização do tempo de trabalho também é uma questão que pode ser abordada na contratação colectiva mas ainda está muito longe de ser o tema principal.
Aliás, Portugal continua a ser, aqui, um dos países mais rígidos (o 9º, entre 30) apesar de registar um dos maiores aumento na flexibilidade de tempos de trabalho, entre 2004-2005 (data do último inquérito) e 2009.
Cristina Oliveira da Silva
Diário Económico online
Partilhar