Início Nuno Reis Reflexões

Serão hoje os protagonistas políticos de alguma maneira melhores que os que nos regiam em 2004?

Com franqueza, creio que não. Na maior parte serão os mesmos. Com os mesmos ou ainda piores defeitos. Terá passado pouco tempo para haver uma mudança de geração, é certo.

 

Mas a haver uma mudança de protagonistas, uma renovação geracional até, estaria Portugal melhor servido hoje? Sendo claro para todos que as últimas gerações que nos têm governado vão deixar aos seus filhos e netos um país mais pobre e desigual do que aquele que encontraram, bastará rejuvenescer a classe dirigente ?

 

Nas últimas semanas a propósito das Comemorações do Centenário da República ouvimos importantes historiadores traçar paralelos entre determinados factores que levaram à queda da Monarquia bem como à posterior queda da Iª República por comparação com o momento político actual. Não historiador, mas político, Marques Mendes teve até a esse propósito uma frase forte: “Cheira a fim de regime”.

 

A ser assim, provavelmente, só nos aperceberemos mais tarde. Mas valerá sempre a pena sonhar com a possibilidade de que a nossa vida melhore e evoluamos num sentido melhor. Partamos, pois, da realidade actual para o domínio da ficção. Ou de uma especulação saudável.

 

Imaginemos um país em que a meritocracia impere. Um país em que os melhores não sejam afastados pela mediocridade.

Um país em que não sejam corporações a influenciar o destino de todos mas o todo a prevalecer. Um país em que não seja esta ou aquela máquina instalada a definir o rumo comum.

 

Um país em que não seja a lógica paroquial ou os interesses particulares mesquinhos a condicionar os resultados do todo.

Um país em que os pequenos caciques não sejam maiores que a sua (pequena) dimensão intrínseca. Um país em que as batalhas sejam definidas pelos valores em disputa e os melhores possam ganhar no campo.

 

Sonhar não custa. Custa, sim, é criar as condições para que Gresham não tenha paralelos na política.

 

Se a história é feita de ciclos, e por vezes se repete, que nas actuais dificuldades sejam encontradas oportunidades. E que haja condições para os melhores prevalecerem. Hoje, elas não existem.

E, por isso, o que um certo Conselheiro disse há quase 500 anos continua de todo actual.

 

Nuno Reis

21/10/10

- também publicado no blogue "Câmara de Comuns" -

 

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