Mas adiante. Em tudo isto há uma sensação óbvia de déjà-vu. Também no caso Grego e Irlandês, imediatamente antes de terem que recorrer a ajuda externa os responsáveis políticos desses países negaram essa necessidade. Também nesses dois casos, até pouco antes do inevitável acontecer, assistimos a declarações políticas de governantes Alemães e Franceses reiterando a confiança na capacidade dos governos Grego e Irlandês conseguirem equilibrar as contas públicas e controlar o endividamento.
Acreditemos, por momentos, que estes novos capítulos de uma novela já vista redundarão num destino diferente. Com ou sem auxílio externo, importa é que o país se capacite daquilo que tem de fazer para evitar uma nova década perdida em termos de crescimento económico.
Nos últimos meses, finalmente, ouvimos o Governo colocar em segundo plano o discurso das grandes obras públicas, enquanto motor da economia, para abraçar a ideia de que é por via de um aumento das exportações que Portugal pode sair da crise em que se encontra.
É, de facto, por via de um aumento das empresas exportadoras e de uma diversificação dos sectores exportadores que será possível a Portugal produzir mais riqueza, gerar mais investimento privado e dessa forma criar mais postos de trabalho. Criar bens que os outros países queiram comprar e a preços competitivos deve ser o grande mantra da nossa economia.
Ao Estado pede-se que defina, de uma vez por todas, os sectores estratégicos em que as condições de monopólio natural exijam presença efectiva ou uma regulação forte e se concentre no essencial. Com um Estado demasiado presente na vida das empresas, quando tal não é necessário, e deficiente ou ausente na regulação, quando tal seria imprescindível, não poderemos evoluir.
Escolas e universidades de nível, uma educação com reconhecidos níveis de exigência, um sistema fiscal equilibrado, uma justiça que funcione, são condições essenciais, nas quais o Governo se deve concentrar, para que o país produza mais riqueza e atraia investimento externo.
Que 2011 seja um Ano Zero para Portugal. E que, a partir daqui, se comece a construir um país mais justo, solidário e próspero. Um país que não esteja constantemente a ter de lamentar erros e decisões duvidosas do passado.
Nuno Reis
15/01/11
- uma versão deste artigo foi publicada em
"O Primeiro de Janeiro" e no blogue "Câmara de Comuns" -
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