Início Nuno Reis Reflexões

os intocáveis

 

O Ministro das Finanças reconhece que não há dinheiro para pagar salários a partir de Maio. As Polícias deixam de pagar as contribuições para a Segurança Social por falta de dinheiro. E, no entanto, na mensagem "oficial", o país estava muito bem...

 

Nada como uma boa cortina de fumo para desviar atenções.

Entre o independente que comete o crime de aceitar um convite partidário, ao Comissário Europeu que verbera a atitude dos nossos dirigentes, ou até mesmo a marca de cerveja portuguesa que os "monstros do FMI" bebem, tudo tem servido para alimentar o consumidor de (des)informação.

 

Valeria a pena abordar o papel que alguma comunicação social tem tido, em particular na última década, para a formação de opinião e branqueamento de determinadas condutas.

Sou um adepto da frontalidade com que os media anglo-saxónicos exercem a sua actividade. Em Portugal, numa comunicação social nas mãos de quatro grandes grupos económicos, contam-se pelos dedos os casos de informação isenta e objectiva. Não seria mais sério as linhas editoriais assumirem a sua preferência por este ou aquele partido, este ou aquele político?

 

No dia seguinte ao pedido de demissão de Sócrates era difícil perceber pelas manchetes dos jornais quem é que nos trouxe até aqui. O carrasco transformado em vítima. Agradeçamos ao Grande Líder o trabalho que tem feito por nós!

 

Nos Estados Unidos, é habitual que jornais de referência como o New York Times, o Washington Post, o Wall Street Journal, declarem a preferência por um determinado candidato numa determinada eleição. Apoios às claras. Não serão preferíveis as paixões assumidas às convicções (mal) dissimuladas ?

Na Irlanda, ainda que as razões da crise se prendam mais com erros da banca do que do próprio Governo, o partido no poder não passou de cerca de 15% nas eleições antecipadas. Em Portugal, o homem que nos governa há mais de 6 anos consecutivos, e que nos últimos 16 anos exerceu responsabilidades de governo durante 13, irá, muito provavelmente, conseguir um terço dos votos.

 

Os políticos têm responsabilidades. Quem os elegeu, pelo voto ou pela indiferença, tem responsabilidades. Quem acha ser capaz de fazer melhor pela comunidade e prefere cuidar do umbigo tem responsabilidades. Quem transmite de um determinado candidato ou partido uma imagem que não corresponde à realidade tem responsabilidades.

 

Nas cortinas de fumo da última quinzena, voltam a comunicação social, os políticos, os portugueses, a desviar-se do essencial.

Se 5 de Junho é importantíssimo, tão ou mais importante é o caminho até 16 de Maio.

 

Até à próxima reunião dos Ministros das Finanças da União Europeia, Portugal terá que chegar a uma solução de compromisso com a equipa tripartida da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. A necessidade de pedir ajuda para fazer face aos encargos pesados de um país que tem vivido acima das suas possibilidades, obrigará a que Portugal se tenha de comprometer com medidas muito difíceis. É preciso que todos se capacitem da necessidade de "optar" pelas menos gravosas e que não castiguem ainda mais os que menos podem.

 

Seria fundamental para o nosso país, mas complicado dada a escassa margem negocial que nos resta, ao reconhecer tardiamente a necessidade de ajuda, que se conseguisse um prazo maior para o ajustamento orçamental. E uma taxa de empréstimo mais baixa do que aquela que foi imposta à Grécia e Irlanda pelos nossos "irmãos" europeus. E, sobretudo, que se tivesse em mente que consolidação sem estratégia de crescimento económico agravará a condição deste doente.

 

Que todos dessem o seu melhor contributo para a solução era positivo.

Bloco e PCP dão sinais de não querer conversar com quem cá vem emprestar dinheiro. A Sudoeste nada de novo. Lavar as mãos de responsabilidades é um desporto nacional. E em época pascal o conforto da postura-Pilatos tem sempre os seus indefectíveis.

 

Nuno Reis

110419

- uma versão deste artigo foi publicada em

"O Primeiro de Janeiro" e no blogue "Câmara de Comuns" - 

 

 

OS HERÓIS DE FUKUSHIMA

 

Disse um dia Ortega y Gasset que cada Homem é o Homem e a sua circunstância.

Haverá muitas definições para a palavra herói. Se pegarmos na expressão de Gasset, não se "nasce" herói. São as circunstâncias que fazem despontar os heróis onde antes "só" haveria o carácter. Casos haverá de vidas cuja heroicidade é definida num momento, outros em que a vida, num todo, é um hino à palavra herói.

 

Há três semanas atrás, no Japão, um tremor de terra abalou as fundações de um país de uma forma como nunca se sentira desde a segunda grande guerra. Certo, houve entretanto outros terramotos, como o de Kobe em 95. Mas nenhum como este. Nenhum que deixe uma marca com as consequências duradouras que este poderá vir a ter, dada a envolvente nuclear.

 

Desde o desastre em Fukushima que cerca de uma centena de homens enfrenta diariamente a chamada para uma morte antecipada. As quantidades de radiação a que têm estado expostos, e que já levaram alguns ao Hospital (os outros lá acabarão por ir parar mais tarde ou mais cedo) representam muitos milhares de vezes o que os seres humanos absorvem naturalmente durante um ano.

 

A história deste combate desigual entre o homem e uma força que ele próprio colocou ao seu serviço mas que não consegue dominar totalmente, não é nova. Já teve diferentes protagonistas e circunstâncias.

Alguns conhecerão a história de um submarino nuclear russo do final da década de 50, conhecido por K-19. Com vários defeitos de fabrico, é lançado ao mar de forma extemporânea, com uma tripulação que não estava tecnicamente preparada. A história prossegue com um conjunto de homens a entrarem, um a um, na câmara nuclear para tentarem, artesanalmente e sem protecções, consertar o sistema de arrefecimento e evitar a fusão de um reactor. Lá conseguem fazê-lo à custa da vida de vários e da saúde de todos. Uma história que só com o fim da cortina de ferro acabou por se tornar conhecida.

 

É de histórias destas que se fazem os heróis. Numa sociedade cada vez mais descartável, em que as televisões fabricam heróis de plástico, só pelo simples facto de participarem num qualquer programa em troca da sua intimidade, e que depois, com a mesma espontaneidade com que foram gerados, são esquecidos pelos mesmos que os endeusaram, importa relevar os verdadeiros heróis. Aqueles que, de facto, se libertam da mortalidade pela capacidade de se darem em vida.

É o herói que encontramos no polícia das Torres Gémeas, é o herói que encontramos no bombeiro que joga a sua vida para salvar uma outra, é o herói que parte para África como Missionário, é o trabalhador de uma central nuclear a 11 mil quilómetros de distância que troca a rotina diária pela missão suicida de tentar arrefecer um núcleo descontrolado com "baldes" de água salgada. A autoimolação de uns para tentar salvar a vida de muitos outros.

 

Em termos económicos, estima-se que demorará ao Japão meia dúzia de anos a recuperar do desastre. O país do sol nascente saberá levantar-se. Com a mesma devoção e cultura milenar que o leva, ainda hoje, a ser a terceira economia do mundo.

Mas em Fukushima, depois das fugas, estão agora a ser despejadas para o mar toneladas de água radioactiva... Ninguém, neste momento, conseguirá estimar com rigor quantos milhares de anos levará a que as consequências deste desastre se deixem de fazer sentir. A vida ou a saúde destes heróis é um preço elevado que pode estar a evitar uma catástrofe ainda maior, numa luta diária que está longe de terminada.

 

Nós por cá, também temos necessidade de heróis. De cariz diferente dos de Fukushima, obviamente, mas com traços em comum. No fim de contas, em qualquer parte do mundo, serão sempre heróis os que "por obras valerosas se vão da Lei da Morte libertando"...

 

Nuno Reis

110405

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TROPA DE ELITE

 

Cenário: é aprovado um dos anunciados projectos de resolução contra o novo pacote de austeridade. O Governo, por uma vez, cumpre a palavra e retira consequências da votação, apesar de não vinculativa, demitindo-se. O país vai a eleições, talvez lá para Junho.

 

A batalha eleitoral acaba por tornar óbvio o que alguns já sabem ser inevitável: um pedido formal de ajuda externa. Uma desculpa conveniente para quem não foi capaz de gerir bem o país e vê em eleições antecipadas um instrumento de vitimização e desculpabilização.

 

Quem pensa que Sócrates está morto e, por isso, já escolhe a "mobília" dos gabinetes que pensa ocupar, subestima quem já demonstrou ter vida política para além de outras mortes pré-anunciadas.

 

Chegam as eleições. A campanha é dura. O PSD vence mas sem maioria absoluta. Admitindo que consiga, juntamente com o CDS, alcançar essa maioria absoluta forma uma nova AD. Passa a ter na oposição um grupo parlamentar socialista escolhido por Sócrates. Que pode, mesmo, ter condições políticas e vontade revanchista para continuar como deputado e até, quem sabe, querer liderar a bancada parlamentar na oposição! Alguém falou na utilidade da imunidade parlamentar ?

 

Um Governo dito "de direita" passa a ter uma oposição feroz nas ruas. De sindicatos, de classes profissionais, de partidos, de jovens, de menos jovens, da classe baixa, da classe média que ainda resistiu à passagem de Sócrates. As greves, as manifestações, passam agora a ser mais politizadas. O calendário da luta não dá estados de graça ao Governo. As grandes reformas de que o país precisa, apesar da maioria parlamentar, não avançam à velocidade necessária, com o peso das ruas e de um PS ainda aos pés de Sócrates e dos seus seguidores.

 

Chegamos ao ponto chave: não será fácil, no estado a que chegamos, e pesando o que terá que ser feito para tirar o país do buraco, encontrar as medidas necessárias e o menos penalizadoras possível, quer das pessoas, quer da própria economia, e implementá-las sem um entendimento muito alargado que junte, senão a curto, a médio prazo, PSD, PS e CDS.

 

Drama: não é possível fazerem-se acordos com quem não honra a palavra. Passos Coelho ganhou mas a vitória não foi tão esmagadora que Sócrates saia do Parlamento ou de uma liderança que viu renovada em Congresso partidário. Quem é, pois, o interlocutor com quem o PSD deve tentar chegar a um entendimento? Alguém com quem se não pode fazer acordos.

 

Por vezes os problemas residem nas políticas. Por vezes nas pessoas. Daqui por vinte anos, quando alguém fizer a história destes tempos, não deixará de olhar para o 27 de Setembro de 2009 como o da confirmação de um embuste que Sócrates montou ao país. Com o concurso de quem nele votou preterindo um discurso «feio» mas fiel à realidade do país e das medidas que, então, deviam ter sido tomadas.

 

Hoje, a terapêutica necessária é bem mais dura para todos. Não podemos, indefinidamente, continuar a depender do exterior para o nosso financiamento. E, cada vez mais, não parece a dupla Sócrates & Teixeira dos Santos capaz de administrar o tratamento necessário. Por negligência e por erros grosseiros já não inspira qualquer confiança, fora do próprio círculo de fiéis.

 

De Belém chegam indicações de que Cavaco não intervirá e respeitará a vontade do Parlamento. Compreende-se. Já não se compreenderá é se nada fizer para, na eventualidade de eleições antecipadas, e num quadro pós-eleitoral, tentar patrocinar um entendimento, o mais alargado possível, para um Governo de Salvação Nacional.

 

Depois de uma década perdida em termos de crescimento económico, serão precisos vários anos, para se fazer alguma coisa deste país. Esse tempo será tanto maior, quanto mais longa a existência política de Sócrates. Esse tempo será tanto maior, quanto menor for o número dos "melhores" a ser recrutado para um esforço patriótico conjunto. À atenção do PS, do PSD, de Passos, de Seguro, de Costa... e de Cavaco.

 

Nuno Reis

110322

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Águas de março

 

Na encenação do Primeiro-Ministro português com a Chanceler alemã, no discurso ensaiado de um e no elogio público da outra, está a última ilustração da ideia de que um Estado endividado não é verdadeiramente livre. Tão pungente como a fotografia, é a banda sonora: as palavras repetidas por Sócrates sobre o tal país com "oito séculos de história" e que "não é subserviente com ninguém" formaram o perfeito contraste com a cena e com o contexto da própria deslocação a Berlim.

 

Mas essa cimeira bilateral é também demonstrativa do estado da Europa. De um lado, Portugal, poderia representar os países do Sul, acompanhados pela Irlanda. Do outro, a Alemanha, representava-se a si própria, os seus próprios interesses e talvez os da França e de alguns países da Europa Central, cujas contribuições para o Orçamento Europeu começam a ser escrutinadas com olhos cada vez mais críticos por parte dos respectivos cidadãos.

 

Esta é, de resto, uma novela com novos capítulos nas próximas semanas. O recente "Pacto para a Competitividade" gizado pela Alemanha e apresentado depois como uma iniciativa franco-alemã para uma articulação de políticas entre os países da zona euro, deverá ser alvo de discussão já esta sexta-feira, dia 11, numa cimeira de líderes dos 17 países da moeda única.

 

Sendo certo que a Alemanha, fruto do rigor e estratégia da sua governação, está hoje com a taxa de desemprego mais baixa dos últimos 19 anos e que, depois da recessão em 2009, a Europa retomou o rumo do crescimento económico, o problema mais imediato com o qual a Europa se confronta não é o da competitividade mas a necessidade de resolver a crise de dívida soberana, de países cujo eventual incumprimento poderia ter efeito de contágio e comprometer a moeda única.

 

Este "Pacto para a Competitividade" parece surgir, pois, em sentido diferente, quase como um compromisso de responsabilidade a exigir pelo eixo franco-alemão aos países que necessitam de ajuda para lidar com défices excessivos.

 

Entre a Cimeira da próxima sexta-feira, dia 11, e o Conselho Europeu dos dias 24 e 25, joga-se, pois, muito do futuro próximo da moeda única e do projecto europeu.

 

Estou algo céptico quanto àquilo que o Conselho Europeu poderá trazer. Desde logo, o facto de se realizar dois dias antes de na Alemanha haver eleições regionais em mais um estado (precisamente, o estado Natal da Sra. Merkel) pode propiciar um clima pouco favorável às decisões que Portugal e outros necessitariam.

 

Falemos claro, os juros relativamente elevados que estão a ser pedidos à Irlanda para o seu financiamento através do tal Fundo Europeu de Estabilização Financeira a que recorreu recentemente, bem como as medidas que lhe estão a ser exigidas, assim como à Grécia, ou as que veladamente se pedem a Portugal ou Espanha, são entendidas hoje pela opinião pública na Alemanha, como na Holanda ou na Áustria, quase como que um preço justo pela falta de «disciplina» interna. E portanto, aquilo que for percepcionado como uma "ajuda" sem contrapartidas aos países em dificuldades não dá votos. Ainda por cima, longe vão os tempos em que líderes como Helmut Kohl davam primazia à importância da Solidariedade na construção do projecto europeu.

 

Para baralhar ainda mais as contas, sobretudo as nossas, veio o Presidente do Banco Central Europeu sinalizar um possível aumento da taxa de juro de referência já no próximo mês, num cenário em que o aumento dos preços da energia e bens alimentares aumenta os riscos de inflação. Mais uma notícia que os países com necessidades de financiamento elevadas não desejariam ouvir.

 

Março será, pois, o mês de muitas decisões quanto ao futuro próximo.O de Portugal e o da Europa. Não faltará muito para percebermos se será "pau", "pedra" ou mesmo "o fim do caminho". Para nós, portugueses, que daria jeito que as "águas de Março" trouxessem, em vez do "fundo do poço", uma "promessa de vida no coração", lá isso daria...

 

Nuno Reis

110310

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DIVERGIR

 

Foram divulgados na passada sexta-feira, pelo Banco de Portugal, os últimos indicadores de conjuntura económica. Faço referência a alguns dados.

 

O volume de negócios no comércio a retalho diminuiu 2,2 por cento no último trimestre de 2010. Dado positivo para os 15,8 por cento de aumento, em termos homólogos, das exportações de bens no último trimestre do ano findo. Nesse período, aumentaram também as importações de bens, mas em menor percentagem, 10,3 por cento. A chaga do desemprego não dá, no entanto, mostras de inflexão: a taxa de desemprego, no último trimestre do ano, atingiu os 11,1 por cento, um aumento de um ponto percentual face ao mesmo período do ano anterior.

 

Avançou, também, o Banco de Portugal que os critérios de concessão de empréstimos ao sector privado não financeiro se tornaram ainda mais apertados, no último trimestre de 2010. Grave problema este, para a nossa economia: numa altura em que as empresas se encontram asfixiadas, os empréstimos bancários são ainda mais condicionados e a taxas mais elevadas. Isto, nos casos em que são concedidos.

 

Dois dias antes da divulgação destes dados, e certamente com estes e outros indicadores na cabeça, o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, tinha admitido que Portugal já se encontrava novamente em recessão. E, no meio de tudo isto, até espanta que as palavras do Sr. Governador tenham causado perturbação a alguns dos "fazedores de opinião" do regime. Que não, que o não devia ter dito, que era preciso ter cuidado com as palavras. Não fossem os mercados ouvir ou ler...

 

Não há nada pior do que essa cultura do politicamente correcto que prefere ver o país afundar-se em vez de reconhecer os problemas e enfrentá-los. Essa "cultura da avestruz" é familiar de uma outra: a "cultura do quem não é por mim, é contra mim".

 

A mesma, provavelmente, que levou o Sr. Primeiro-Ministro a dar um "puxão de orelhas" em público a um cidadão, pelo simples facto de ter a ousadia de querer, imagine-se, que os políticos falem verdade ao país. O facto deste cidadão ser uma pessoa de referência no seu sector de actividade e até contribuir para as tais exportações de que o Sr. Primeiro-Ministro, agora, se quer "apropriar" como mérito seu, nem é aqui o mais importante. O que choca é alguém, independentemente de ser rico, pobre, bem ou mal sucedido, pedir que se fale verdade e que os sacrifícios que estão a ser pedidos não sejam desperdiçados, e um governante se sentir incomodado com isso.

 

Pela mesma altura, no país vizinho, dava brado a notícia de que em 2010 o crescimento da economia tinha ficado abaixo da média da zona euro. De facto, desde 1996, altura em que o Eurostat começou a efectuar estas estatísticas comparadas, que a economia espanhola todos os anos crescia acima da média dos países que hoje constituem a zona euro.

 

Para mal dos pecados de Zapatero ninguém se lembrou de olhar para o lado de cá da fronteira. Também nós crescemos em 2010 menos que a média da zona euro. Mas, por cá, a coisa até passou despercebida. Também não se poderia esperar que o comportamento comparado da nossa economia tivesse dado notícia...

 

Se, com base nas mesmas estatísticas, analisarmos a performance comparada da economia nacional constatamos que, tirando os anos de 1996 a 1999, mais o ano 2009, a produção de riqueza nacional divergiu sempre dos seus pares. Contas feitas, nos últimos 15 anos só houve 5 em que conseguimos que a nossa produção de riqueza total se aproximasse dessa média! Para se ter uma ideia, nesse período, a própria Grécia cresceu sempre acima da média, com a excepção de 2010.

 

Eis aqui um dos pecados lusos no seu esplendor: divergir em voz alta é, hoje, mais grave que divergir na criação de riqueza ou nos índices de pobreza…

 

Nuno Reis

110223

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A votação para este inquérito já encerrou em: 30 Nov 2013 - 12:33